JUSTIFICATIVA:


A obra do artista sorocabano Pedro Lopes pode ser definida como um retrato da história de Sorocaba, pois retrata cronologicamente os passos da nossa gente desde a fundação da Vila por Baltasar Fernandes, em 1654, no primeiro painel, até, por exemplo, como no 14ª painel da série, que compreende os anos de 1900 a 1915 e retrata o assassinato do Dr. Braguinha (o que dá nome ainda hoje ao bulevar no centro da cidade), a chegada da luz elétrica e do primeiro automóvel. São retratos de momentos que nos levam a redescobrir nossa história, identificando nossas raízes e até fazendo, como só um grande artista é capaz, como que nos insiramos nas narrativas retratadas.

Entre 2000 e 2005 o pintor sorocabano produziu 20 painéis de grandes dimensões (2,50 por 1,90 metros) que retratam cronologicamente a história de Sorocaba até os dias atuais. Pedro Lopes, nos seus painéis nomeados “YbySoroc”, que na Língua Tupi significa “terra rasgada”, o mesmo que Sorocaba significa em Tupi-Guarani, navega por técnicas artísticas como o Maneirismo dos séculos XV e XVI, o Barroco dos séculos XVI e XVII, até a Transvanguarda e o Neoexpressionismo atuais. 

Ele monumentaliza episódios decisivos e personagens determinantes na epopéia de construção e progresso da cidade. Na série, a representação de cada acontecimento histórico está relacionada com as concepções estilísticas das artes pictórias predominantes de seu respectivo período. 

Pedro Lopes, segundo definição do museólogo Fábio Magalhães, é um artista que se devota à pintura histórica de "modo vigoroso", já que a superfície dos painéis também é alvo de intervenções de grafite. "São traços rápidos, contundentes, alguns agressivos, que contestam a narrativa. Desse modo, o artista questiona a interpretação histórica e sua própria linguagem", escreve. 

Selecionado e premiado em importantes salões internacionais de arte contemporânea nas décadas de 1980 e 1990, Pedro Lopes tinha o desejo literal de pintar a sua própria aldeia, Sorocaba, sonho que alimentou desde a juventude, quando se mudou para São Paulo para cursar Licenciatura em Desenho e Plástica na Faculdade Belas Artes, onde foi professor entre 1976 e 1986 e até hoje é reverenciado como "mito" por ex-alunos.

As telas de Pedro Lopes não são apenas fruto de seu tempo, mas atemporais. Tem importância fundamental para a história da nossa gente, mas também para a formação cultural das futuras gerações. Seu impacto não deve ser minimizado pela temporalidade, pois trata-se da nossa versão sorocabana do TheatrumRerumNaturaliumBrasiliae, obras de Frans Post (1612-80), Albert Eckhout (1610-65), Zacharias Wagener (1614-68) e CasparSchmalkalden (1617-68) que retrataram o Brasil colonial do início do século XVII e que até hoje tem valor inestimável histórico e cultural para nosso povo.

Assim são as obras de Pedro Lopes, que necessariamente devem ser reconhecidas pela comunidade sorocabana como seu patrimônio cultural, preservadas e admiradas pela nossa e por futuras gerações.